quinta-feira, 24 de abril de 2014

Pelo caminho

Pelo caminho ficou minha vontade de ser publicitária, ficou uma sandália que gostava muito e um dos meus primeiros diários. Ficou meu saudosismo pela época da escola, meu gosto por novelas mexicanas e ficaram quatro namorados.

Pelo caminho ficou meu receio de ficar com caras mais novos, a graça de ficar horas no telefone e a ideia de ter que contar tudo para os amigos. Ficou a autoestima baixa, a perna fina e ficaram as aulas de violão.

Pelo caminho ficou meu preconceito com pombos, o ficante que parecia o namorado ideal, uma lente. Ficou o aparelho, a academia e ficaram muitos guarda-chuvas.

Pelo caminho ficou minha vontade de ser sempre mais nova do que sou, a vergonha de seminários, ficou um fotolog. Ficou  o sentimento de obrigação de casar e ter filhos, a falta de liberdade e ficaram três amigas.

Muitas coisas eu quis deixar pelo caminho, outras se foram sem autorização. Mas quis escrever, porque estou com a sensação de estar no lugar certo, com a idade certa, com as pessoas, conceitos e as ideias certas. E tudo isso pode ficar pelo caminho também: a sensação, os planos. Mas por hoje, satisfação e leveza. E, também, por hoje, eu não mudaria - praticamente - nada que já aconteceu comigo.


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