terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Navegando

Notas de terror ao fim da página.Um achar que nunca vou conseguir,que nunca vou ter.Um tudo criado por mim.Um tudo que eu invento,e pode ser nada,afinal.

Agora,um deixar levar.Uma alma lavada sabe-se lá porquê.Uma sensação leve,que pode ser só por hoje,mas é.Um acreditar,somente,que não sei,e não preciso criar.Tenho pincéis para pintar o presente,tintas pra jogar,agora.Não pra amanhã.

E,embora perdida,sem saber qual cor usar primeiro,estou inteira.Alguns pedaços,pode até ser,que tenham sido deixados por aí.Mas estou inteira com o que tenho,no momento.Estou colada,embora não sem medo de partir,novamente – o que é mais fácil,depois que acontece uma vez.

Sei bem das minhas confusões,das coisas em mim que não posso controlar.Do cansaço,às vezes,nas pernas.Mas,por agora,não ligo.Sei bem,também, que sou forte,que tenho flores, muitas flores pra colher.Que gosto de sorrir,e que as coisas ficam mais bonitas assim.

Deixa eu sonhar de ser assim todos os dias.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Choro

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo por que digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia.Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro,fora."
Caio F.

Tava pensando nisso outro dia,que faz tempo que não choro.E é engraçado falar assim,porque fica parecendo que o normal é chorar sempre.Mas,bem,geralmente é assim.Especialmente,com as mulheres,ou especialmente,comigo mesmo,vai saber.

Antes,quando mais nova,eu chorava mais,e,quase sempre,sem motivo.É,sem motivo mesmo.
Hoje,vez ou outra,ainda choro sem motivo,mas isso é raro,bem raro.
E,no todo,eu não ando tendo motivo pra chorar.Mas também nem ando tendo motivo pra rir,pra nada.

Sei que tô me sentindo entupida,cheia de alguma coisa.Tem algo que tem que sair,e é por lágrimas,mas elas não vêm.
E eu vou esquecendo,e seguindo.E daí que,às vezes,a respiração fica pesada,e lembro das minhas lágrimas presas,e dos meus motivos pra nada.

Sei lá o que eu quero,o que tenho que fazer.vou dar cambalhota,virar estrelinha,roubar uma das cores do arco-íris.sei que algo tem que acontecer.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

2010,21 verões.

É clichê final de ano trazer nostalgia à maioria das pessoas.E,bem,eu sou uma delas.E mais,eu,ainda por cima,faço aniversário na primeira semana,do primeiro mês do ano.

Daí que é muita coisa pra pensar,pesar,sentir.
Sabe,2009 não foi lá um dos meus melhores anos,não.
Continuei com minha conhecida âncora.comecei e saí de um emprego.terminei um namoro.

Sonhava mais antes.E achei que,aos 21 anos,teria/seria bem mais do que sou/tenho,hoje.
Cadê meu próprio apartamento?E as festas que eu iria dar nele?Faculdade?Onde está o namorado?Ótimo emprego,oi?

Sei que ainda posso conquistar/ter tudo isso,mas não é disso que tô falando.Queria agora,queria já ter.

E ando tãão desanimada,como até já disse aqui,mas me deixa falar de novo,ser repetitiva,e reclamar,reclamar,reclamar.
Até Natal que sempre me inspira,esse ano não me disse nada.

Espero que 2010 venha com mais força pra mim,mais gosto de vida,vontade,láápis coloridos,paz,amor,dinheiro,realizações.
E,bom,espero isso pra todos também :).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Boneca de olhos grandes

Era uma vez uma linda boneca,de cabelo enrolado e olhos bem grandes,castanhos.
Ela morava na prateleira mais alta de uma loja,junto com suas iguais.

O que ninguém sabia,era que a boneca tinha um defeito de fábrica:ela tinha sentimentos!Tinha amor em toda parte do seu corpo de plástico.

Se apaixonava por cada olhar que passava por ela,que a observava,e sempre tinha esperança de ser correspondida.
Sentia-se vazia,incompleta,insatisfeita.Sabia que tinha mais pra ver,mais pra sentir,fora da caixa,da prateleira mais alta.

Acompanhou olhos de todas as cores,leu desejos escondidos,e quis fazer parte.Sonhou com beijos,abraços,toques.Se frustrou,magoou,chorou,se desesperou,sofreu.Mas tudo por dentro.Ninguém podia enxugar suas lágrimas invisíveis aos olhos.

Com o tempo,só restou ela,na prateleira mais alta da loja,já cheia de pó,por dentro e por fora.
Tinha se tornado uma boneca amarga,e sabia disso.Sabia mais,tinha consciência de que essa não era sua natureza,que bonecas eram feitas pra brincar com crianças,e não pra se arrepiar e sonhar com um amor.

Já tinha sido tantos amores secretos,tantas mãos macias tocadas em sonhos,que ela decidiu,enfim,parar de sonhar.
Não observava mais os olhares,nem tinha mais esperança que alguém a amasse.

Foi,com os dias,parando de desejar,de querer,de pensar.E se tornou uma boneca de plástico sem sentimentos,afinal.
Foi,então,comprada,e embalada no colo de uma criança.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Muito amor

O amor começava no couro cabeludo e ia parar na ponta do dedão do pé.Era intenso,era forte,vivo,vermelho.E era por tudo.
Ela não gostava de uma música,amava.Nem gostava de um corte de cabelo,amava.

Mas,entre todas as coisas que tinha tanto amor,nunca sentira nada assim por um homem.Porém estava sempre tão ocupada amando por aí,que isso não lhe fazia falta.

Voltou de uma balada,meio bêbada,sozinha.Cismou de ir embora,ou só andar.Não avisou aos amigos.Queria mesmo é falar com as estrelas.

Deitou em um chão sujo,com seu sorriso mais besta no rosto.
Fechou,depois,os olhos,e quando abriu,tinha companhia.Olhou assustada,e viu um cara qualquer,que como ela,devia estar bêbado.
Pegou a sua mão,e lhe disse:Eu te amo!

Não era efeito do álcool,nem da poesia da noite.Era efeito do seu amor

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A lua que gira, que gira, que gira...♪

De um sol que aparece lá fora,mas nem sempre aparece aqui dentro.
É quando tudo em você insiste em estar cinza,em chover pensamentos negativos,fiapos de desânimo.

Quando você não consegue acompanhar o tempo,se perde nos sonhos,que,por ora,parecem não chegar.

A mão vai ficando frouxa,o chão vai saindo,as pernas quase não querem mais caminhar.
E você sorri,e até se diverte,quando consegue,por momentos,esquecer o buraco do fundo do poço da alma.

É um perder em si mesmo,entrar e não conseguir sair.Ficar preso em tanto passado,em tanto medo do futuro,e esquecer do presente.

Quando as pérolas do cordão caem todas no chão,e você pensa se vale a pena catar uma por uma,pegar só algumas,ou deixar todas pra lá.
E não sabe bem ao certo,se a opção for catar todas,como fazer.

Quando todo dia é igual,e toda vontade menor.
Quando só se pensa no que poderia ser e não é.
Se quer mais abraços,mais sorrisos.

Quando precisa de mais lua no olhar.

sábado, 5 de dezembro de 2009

E o que é que a vida fez da nossa vida? ♪

Nem sei se quero comentar isso aqui,mas anda me incomodando,sabe.

Semanas atrás,porque orkut está aí pra isso,fui fuxicar o orkut de um ex meu,de tempos atrás.
Vi foto do pai dele junto com a atual namorada.
E,sim,a frase clichê:'Ex é sempre ex',funciona comigo.

Fiquei com um tantinho de ciúme,e com um pouco de raiva.Afinal,em meses de namoro ela tinha uma foto com ele,e eu nunca tive,em muito mais tempo.E na legenda ainda dizia:Meus amores.

Nós,humanos,somos mesmo pequenos e egoístas.E,por vezes,só olhamos pra nós mesmos.E,sim,a vida está aí pra esfregar isso na nossa cara.

Dias depois,vi,no nick dele do msn,algo referente a luto.Entrei de novo no orkut.E choque:O pai dele morreu.
Mas ainda tinha esperança.Entrei no msn,de novo,e vi já explícito,no nick,que o pai havia morrido.

Sei nem explicar minha reação.Chegou a dar dor no peito.Lembrei dele com seu jeito de garotão,bermuda florida,camiseta,sorriso sempre aberto.
Pensei na mulher dele,no sofrimento.Pensei,claro,no ex,e na dor imensa.

Fui perguntar,mesmo estando há muuuito tempo sem falar com ele,pelo pai,no msn.Ele estava ausente,e não sei se por isso ou não,não me respondeu.
No dia seguinte,vi a resposta dele,que confirmava a morte,em uma só frase.
Mesmo ele estando off,escrevi algumas coisas de consolo,mesmo sabendo que nada consola uma perda desse tamanho.

Ele não me respondeu mais.Não sei se pela namorada,pela distância nossa de agora.Mas fato,que acho isso injusto.
Como a vida faz isso.Como uma pessoa que já significou tanto pra mim,está sofrendo,e eu não posso abraçar,segurar a mão,dizer que qualquercoisasógritar.

Queria confortar,ser ombro amigo,tentar levar algumas cores ao coração dele.
Eu bem sei do amor e da admiração que ele sempre dedicou ao pai.
Eu vi,muitas vezes,os olhinhos dele brilhando pra falar deste.

E agora,tô aqui de longe,torcendo pra que ele tenha fé,pra que Deus dê muita força a ele,à mãe dele,à família,pra superar,e continuar seguindo a caminhada.

Sei lá,estou muito estranha com tudo isso.Muito.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Saudade

-Você sabe o que é saudade?
-Sim,eu sei.
Ela perguntou,ela respondeu,e era assim que queria.
Ela sabia o que era saudade.E não só no dicionário,também como era sentir.
Afinal,sempre sentira,de muita coisa,de muita gente.
Mas então o que era isso que estava sentido,agora?

Ele disse que iria embora,disse que não a amava mais.
Ela não fez nada,nem chorou,e foi,exatamente ali,que o sentimento começou.
Foi imediato.
Tinha o formato da saudade.Mais era maior.Maior que o coração.

Foi em uma reunião de amigos,em comum,que se conheceram.Ele,depois contou para ela,que sentiu seu cheiro de frutas vermelhas,quando passou perto,e sabia que seria dele.
Ela o achou lindo.Podia ver seus olhos castanhos e seu cabelo liso,mas podia ver mais.

Sentou,e pôs a mão no coração,para acarinhá-lo,na esperança,que não tinha,de fazer a dor diminuir.
-Não me ama mais?

-Você é linda.
E era o que realmente achava daquela menina, de pele macia,branca,de cabelos escuros,lisos,boca avermelhada e carnuda,que lhe ofereceu um beijo,sem dizer nada.
A lua brilhava sob o mar.E ela sabia que não poderia ter feito melhor escolha,do que ter saído da reunião,e ido à praia.

As Lembranças passavam pela sua cabeça.Eram tantas.Se pudesse esquecer.
Se pudesse correr atrás dele.

A areia era quase um convite já aberto.
Deitaram ali.Observaram o céu.Se tocaram.Ela sentiu a pele quente dele,o desejo em cada parte,aumentando o seu.
Foi o sexo mais bonito que os dois poderiam ter.

Não era a saudade que sentia dos amigos,nem da infância,nem a saudade que sentia dos pais.Não era nem mesmo a saudade dele.Era a saudade do amor.