quarta-feira, 19 de maio de 2010

mãos de hoje

E ela se entregou. Mesmo ainda sendo visíveis os cortes de outrora, mesmo com medo.
Ela sabia que iria formar novas cicatrizes, que teria outras lágrimas. Mas estava cansada da vida de vento formando palavras não ditas, de labirintos feito de sentimentos que começavam na nuca.

Dormir sem dizer boa noite já estava lhe sufocando. Seus passos não eram ouvidos.
E por mais agoniado que fosse, agora era sorriso.
Era declaração barata de um futuro inexistente.
Era promessa que não seria cumprida.

Também era carinho nos pés e cheiro de nuvem.
Ela sentada, contava a si mesma, memórias de um passado quase apagado – quase.
Não podia esquecer, não queria correr o risco de acreditar outra vez.
Não queria mais a fé.

E assim, sem querer mais que isso, foi andar de mãos dadas.

2 comentários:

Luna disse...

Já perdi minha fé certa vez, mas recuperei, e continuo acreditando em promessas de futuro que nem sei se vão acontecer.

Kesi disse...

acho que quando a nuvem se dissipa a gente diz que nunca mais quer sentir o cheiro dela, pra não sentir falta depois.
Mas passa algum tempo e a gente tá sempre correndo atras de novas nuvens...