domingo, 10 de janeiro de 2010

Vento

Não sentia mais o perfume dela, entrando escondido em seu quarto, pra dormir ao seu lado. Não sentia mais incômodo no estômago ao ouvir o nome dela.
Não estava presente em todos os seus sonhos.

Teve outros amores, trocou os CDs antigos por novos. Jogou fora a sua camisa, que era a preferida dela. Jogou, do sexto andar, as fotos. Deixou todas as lágrimas saírem – mesmo que homem não chore -, pra não ser incomodado mais tarde.

Se sentia livre, mesmo que, às vezes, um vento qualquer trouxesse um passeio de mãos dadas. um beijo roubado. um suspiro.
Já sabia agir nessas situações, era só pensar no trabalho, nos planos para o futuro.

E ele saía, e sorria, e brincava, e dançava, e lembrava dela, e pensava no trabalho.
Acreditava na sua felicidade, mesmo sabendo faltar 1/3. Ele podia viver assim, afinal. E era bem mais fácil que perdoar.

Correndo, perdeu um pouco do fôlego, e sentou em um banco do parque. Sentiu um arrepio. Antes que pudesse desviar os pensamentos, o vento trouxe um papel. Uma foto. O número que nunca esquecera, na ponta da língua.
- Sabrina?

2 comentários:

Fernanda disse...

acho que é impossivel camulflar a saudade né,deixa-la de lado.Quando temos a certeza de que tudo o que se viveu foi esquecido...Algo acontece pra nos mostrar que ela ainda está aqui.Viva.

Unknown disse...

"A palavra saudade só existe em português, mas nunca falta nome quando o assunto é ausência"